Archive for the ‘português’ Category

no metro de lisboa

August 4th, 2015

O metro de Lisboa tem um sistema de passagens eletrônico. Você tem que comprar o seu bilhete numa máquina da estação antes de viajar. O bilhete mesmo custa 50 cêntimos e depois você precisa carrega-lo com crédito suficiente para a sua viagem.

Então, em Lisboa tem uma companhia de metro, e múltiplas companhias de comboios.

A coisa louca é que o crédito que é valido para uma companhia não pode ser utilizado por outra. Assim você tem de carregar o seu bilhete com crédito para a primeira etapa, pois na estação seguinte tem de o carregar de novo pela viagem seguinte.

Se você pretende viajar primeiro de metro, tem de carregar para o metro, e só depois para o comboio. Não é possível carregar só uma volta para 20 euros e viajar muitas vezes com isso. Porque não? Não sei, isso não faz sentido.

Me lembro de que um dia um senhor aproximou-se de mim a perguntar "você conseguiu?". Eu não estava a entender. Consegui o que? Ah, comprar o bilhete? Claro que sim. Mas porque o senhor me faz esta pergunta? Ele era um homem de cinquenta-sessenta anos. Acho que era de Lisboa, então eu era turista. Então o que este cara quer? Quer dinheiro?

Logo percebi que ele não conseguia comprar o bilhete porque não é fácil compreender a máquina. Só queria que eu lhe ajudasse a comprar o bilhete. Que bizarro. Nunca antes vi um turista ajudar um residente porque este não compreendia o sistema de bilhetes.

a paciência

July 20th, 2015

Você tem muita paciência? Eu não. Pelo menos não tinha. Desde criança fui sempre impaciente. Com quê? Com tudo. Sempre queria que as coisas acontecessem já, não gostava de esperar. Nunca gostava de esperar para seja que for.

Isso é bom? É mau? Pode ser bom. Pode ser mau.

Ser impaciente favorece a eficiência. Acho que não é coincidência ter-me tornado engenheiro. Os engenheiros gostam da eficiência. Gostam de soluções ótimas. Uma soluçao ótima quer dizer que não é possível fazê-lo mais rapidamente.

Ser impaciente tem muitas vantagens. Com a mentalidade impaciente a gente está sempre em busca de vitórias faceis. Torna-se a conseguir muitas pequenas coisas em pouco tempo, adotando sempre métodos simples. E não só se trata de obter sucessos, mas também de pesquisar e encontrar objetivos que podem ser conseguidos em pouco tempo. Muitas vezes a simplicidade não fica na solução que adotamos se não na escolha de um objetivo mais simples que todavia representa um benefício parecido. Sem isso é provável às vezes você dedicar muito mais tempo para resolver uma problema do que o necessário.

Apesar disso também existem inconvenientes em ser impaciente. Muitos objetivos na vida não são possíveis de conseguir em pouco tempo. Quais? Aprender idiomas por exemplo. Mesmo com um método ótimo a gente tem de passar centenas de horas, talvez milhares de horas. Eu comecei a aprender idiomas há cinco-seis anos. Antes só falava os meus idiomas nativos mais o inglês. Sempre quis falar francês mas achei que foi demasiado difícil domar a gramática. Fui impaciente, não conseguia continuar a estudar sem ver o efeito de progredir rapidamente. Portanto parei. E não fiz nada para aprender francês durante muitos anos.

Hoje em dia consigo muito melhor fazer coisas que exigem muito esforço. Acho que a única coisa que mudou foi eu tornar-me mais paciente.

a coragem existe?

July 4th, 2015

Há algumas semanas, eu refleti sobre isto.

É que não estou certo do conceito de coragem verdadeiramente representar uma coisa real. Porque não?

Quando é que se diz que alguém foi corajoso? Acho que acontece quando alguém faz alguma coisa que nós não poderíamos fazer, algo que percebemos ser demasiado arriscado. Então poderíamos fazê-lo se realmente quiséssemos fazê-lo?

Vamos ver um exemplo. Num dia de inverno, um homem caminhava perto dum rio. O rio foi parcialmente coberto pelo gelo, estava tão frio. Então, viu uma pessoa a flutuar no rio, que provavelmente caiu no rio acidentalmente. Foi claro que a pessoa não ia conseguir salvar-se, a água era tão fria e a corrente tão forte que precisava de muita força para conseguir sair delá. O homem decidiu ajudar, saltou no rio e nadou até a pessoa. Tirou-a do rio e chamou para uma ambulância. A pessoa foi salvada e não foi prejudicada.

Bem, o assunto é este. Então você decidiria fazer o mesmo? Acho que não, tendo em conta que este tipo de decisão é muito incomun. É por isso que a chamamos, um ato corajoso.

Mas que quer isso dizer? Quer dizer que, quando ouvimos este assunto achamos que o ato foi tão perigoso que nós nunca faríamos uma coisa parecida. O homem poderia ter morrido! Apesar disso, ele o fez! É aqui que encontramos o conceito de coragem. Ele fez aquilo, eu não poderia fazê-lo, portanto ele foi muito corajoso.

Até agora tudo bem.

Então quando se entrevista pessoas que tenham feito algo corajoso é comum dizerem que não foi uma decisão bem considerada. Foi uma decisão instintiva, sem refletir realmente nisso. Acho que isso quer dizer mesmo para a pessoa não é questão de coragem, é questão de fazer uma coisa que parece possível. Não nego a presenca duma preocupação, e do medo, mas apesar disso não impede a açao.

Acho que a explicaçao mais simples é que o ato parece muito mais arriscado para nós que para a pessoa que o fez. Para nós parece impossível, mas para a pessoa que o fez parece muito arriscada mas possível.

Gostamos de pensar que a coragem trata-se de vencer o medo e que teoricamente tudo é possível para todos. Então psicologicamente não o é. Existem atos que não conseguimos forçar-nos a fazer. A coragem descreve as differenças psicologicas entre pessoas, não demonstra que somos capaz de fazer qualquer coisa se apenas o quisermos.

multi-lingual code cracking

June 10th, 2012

Spending time in our native language, where everything for the most part is clear, understood an unambiguous, gives us a skewed perception of what language really is like. Understanding quite effortlessly is something we get used to, and that's what makes our encounters with so-called foreign languages uncomfortable.

A language you know intimately is the exception. A great deal of language happens between individuals who communicate effectively despite their linguistic shortcomings. That to me is the real magic of language.

Dealing with a foreign language is always a matter of partial knowledge.

poster_afficheTake this poster and the word "affiche".

To begin with, Dutch has many French loan words and this is obviously one. "affiche" must be a noun, thus the corresponding verb is likely to be "afficher" or perhaps "ficher a" (to "ficher" at something or onto something).

In Polish "afisz" is a sign or a notice and it's simply a straight import from French.

In Spain recently I noticed it is very commonplace to write "prohibido fijar carteles" on all kinds of surfaces to discourage people from putting up posters. When you see that sentence on a wall that clearly has seen lots of posters torn down with remains of adhesive and dirt, the context is so clear that it's hard to misunderstand. "fijar" and "ficher" thus occur in a similar context.

Meanwhile, in Portuguese there is a very common word in "ficar" which is used in practically every context that has to do with entering a state of mind, eg. "eu fiquei feliz". This is very close to the Italian way of saying "sono rimasto deluso", where the verb to remain is used instead of, as in English, to become.

These three verbs are not exactly the same, but they have a strong common base of intention. "afficher" is the verb that corresponds to "fijar", ie. to fix or fasten something. Meanwhile, "ficher" has the metaphorical meaning of "ficar", namely to enter a state of mind.

los compañeros

April 1st, 2012

- Bonjour, monsieur. Qu'est-ce que vous voulez manger?

- Bom dia.

- Non non non, Roberto, fais pas ça! Il faut toujours parler français avec les gens du pays quand on est en France. Sinon ils deviennent fous.

- Por qué? El portugués no es un idioma muy complicado. Yo entiendo fácilmente los turistas en Madrid cuando me preguntan el camino por algún lugar.

- Eu não falo francês, Michel. Só sei falar inglês.

- No, ça c'est pire encore!

- Ma rilassati, Michel. Che possono farci se non parliamo francese? Ci capiamo benissimo tra di noi. Questo basta per intenderci.

- Eu entendo tudo o que dizem os franceses. Assim eles podem entender-me também.

- Sí, esto me parece muy lógico.

- Alors, avez-vous choisi?

- Per favore, signore, non stia lì a spiarci facendo finta di non capire. O partecipi alla discussione o si allontani. Se non ordiniamo è perché non siamo pronti.

- Mas eu estou pronto, só que não posso pedir na língua justa!

- Yo también estoy listo para pedir.

- Guys, what the hell are you talking about?? I don't understand a damn word of what you're saying.

- Les mecs, nous avons oublié que David est avec nous!